Relatório de Atividades de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2023
O Centro de Investigação em Ciências Históricas (CICH) e o Departamento de História Artes e Humanidades (DHAH), fruto das negociações que vinham a ser estabelecidas nos anos anteriores, viu assinado, em meados deste ano de 2023, o protocolo do Pólo CIDEHUS da UAL e encontra-se a elaborar o seu Regulamento interno, esperando-se que, no ano de 2024, este Pólo seja creditado pela FCT na Avaliação que vai ocorrer. Passarão assim a estar integrados nesse Polo e no CiDEHUS, um Centro creditado pela FCT e com a classificação de Muito Bom, dez investigadores do CICH, docentes do DHAH da UAL, o que é uma importante mais valia a nível da sua política de investigação.
No seu todo, o CICH conta com vinte e dois Investigadores com Doutoramento e vinte e três Colaboradores, sobretudo doutorandos e mestrandos. O conjunto dos Investigadores e Colaboradores é maioritariamente docente ou licenciando, mestrando ou doutorando da Universidade Autónoma de Lisboa. Mas o CICH acolhe ainda com alguns Investigadores e Colaboradores externos a esta Universidade, que nele requereram a sua inclusão. Em consentâneo, certos Investigadores ou Colaboradores do CICH integram outras Unidades de I&D, creditadas pela FCT, assim como desenvolvem Projetos de Investigação, liderados por outras instituições universitárias, muitos deles financiados pela FCT, trabalhando em rede com diversos investigadores nacionais ou estrangeiros nas áreas das suas especialidades.
O conjunto dos seus membros desenvolveu trabalhos em torno de quatro linhas principais de pesquisa:
– História da Arte e do Urbanismo, com três “sublinhas”: – Urbanismo e Monumentos Públicos, História da Arquitetura, Cenografia e Artes Performativas e História do Ensino das Belas-Artes em Portugal.
– História e Cultura das Organizações. Passado, Presente e Futuro.
– Arqueologia, com duas “sublinhas” – Cultura Marítima e Memórias, Dinâmicas e Cenários. Da Pré-História à Época Clássica.
– História e Sociedade (séculos XIV-XVIII), com duas “sublinhas” – Espaços, Poderes e Sociedades e Antroponímia, História e Sociedade.
No presente Relatório contemplaremos a síntese das atividades dos investigadores e colaboradores agrupando-as em três tópicos:
Produção científica
Transmissão do conhecimento
Formação avançada
O ano de 2023 permitiu uma ponderação global da investigação e da oferta pedagógica no âmbito do DHAH, dado que houve uma Avaliação da Qualidade da Universidade Autónoma pela Agência de creditação A3ES, e essa reflexão continua em curso, uma vez que se prepara, para o ano 2024, a Avaliação da A3ES dos diversos graus de ensino ministrados pelo DHAH.
1. Produção científica
A análise da produção científica do CICH compagina-se, genericamente, com as grelhas classificativas, propostas pela própria UAL, e decorre de inquéritos especialmente dirigidos aos seus investigadores e colaboradores.
A produção científica dos membros do CICH no ano de 2023 traduziu-se em:
Autor de livro – 5
Autor/editor de Livro – 4
Autor de capítulo de livro internacional – 8
Autor de capítulo de livro nacional – 19
Autor de Artigo de Revista com revisão por pares- 13
Autor de Artigo de Revista Nacional sem revisão por pares – 3
Autor de prefácios ou recensões – 1
Autor de entradas em Dicionários – 4
Como se percebe, há uma expressão muito significativa de produção científica em livros (36), alguns deles publicados em obras editadas em Itália, na Suíça, no Reino Unido, no Brasil e na Índia. Igualmente será de assinalar a publicação de artigos em revistas com revisão por pares – 13 -, a que se devem acrescentar mais 3 artigos em revistas sem revisão por pares, para além de um prefácio, quatro entradas em dicionários e vários notas de divulgação do conhecimento na imprensa periódica.
Foram abordadas as mais diversas temáticas nestes livros, capítulos de livros e artigos, que se desenvolvem no âmbito das investigações das linhas e dos projetos apresentados a este Centro. Houve uma forte incidência no estudo de casos de várias indústrias (como do sabão ou da cerveja), de diversas facetas do património industrial e de uma cultura empresarial, assim como da musealização desse património fabril; conheceram-se hospitais, estruturas ligadas ao termalismo e políticas de saúde; atentou-se na espiritualidade monástica, na espiritualidade feminina, nas missões jesuíticas e nas memórias da morte; focou-se a história de género e mesmo do panorama artístico no feminino; analisou-se o tabelionado medieval e a sua produção documental; no quadro da relação entre o poder régio e os poderes locais, relevou-se o papel das Cortes, da justiça e do oficialato, evidenciando-se cenários de venalidade e abusos de poder tanto em Portugal como na espacialidade colonial da América Latina; avançou-se até ao Oriente refletindo sobre tratados de paz e discursos sobre o comércio com a Índia; trabalhou-se sobre o património arqueológico subaquático, sobre os neandartais, a tumularia no período megalítico e a arte rupestre, elaboraram-se cartas arqueológicas ou deram-se a conhecer resultados de escavações, desvendando o património material e imaterial arqueológico; refletiu-se sobre o património artístico, destacando, com particular incidência, a escultura. A investigação desenvolvida e plasmada por escrito privilegiou diferentes escalas de abordagem, do local ao global, projetou-se na longa diacronia, desde tempos pré- históricos até à contemporaneidade, e debruçou-se sobre espaços geográficos amplos e alargados, de Portugal e da Europa aos territórios dos impérios coloniais.
Será ainda realçar que a maioria dos investigadores do CICH se encontram integrados em múltiplos Projetos internacionais e nacionais (33), o que é uma evidência clara do seu valor científico e uma garantia no prosseguimento das suas aprofundadas investigações. A apreciação externa da sua qualidade científica expressa-se ainda pela integração de alguns investigadores no Corpo Editorial ou Científico de Revistas indexadas de prestígio, pelo facto de vários membros serem requisitados como avaliadores de comunicações a apresentar em reuniões científicas (fizeram 17 avaliações ) ou de serem solicitados como referees de artigos (16 casos) a serem publicados em revistas ou livros.
2 Transmissão e disseminação do conhecimento
A difusão da investigação redimensinou-se pela apresentação de comunicações dos membros do CICH em muitas reuniões científicas no país e no estrangeiro. Deve-se destacar que apresentaram vinte e seis comunicações no estrangeiro (na maioria presencialmente), transmitindo o seu saber em reuniões científicas ocorridas, na Europa, em países como a Alemanha, a Croácia, a Espanha (Madrid, Santiago de Compostela, Sevilha), a França (Paris), a Irlanda (Belfast), a Itália (Roma), o Reino Unido (Leeds, Oxford), a Suécia (Estocolmo), na América do Norte, no Canadá (Toronto), na América do Sul, na Argentina (Buenos Aires, La Plata), no Brasil (Baía, Espírito Santo, Rio de Janeiro, S. Paulo) e no Uruguai. O enriquecimento científico decorrente do debate crítico das matérias abordadas com especialistas de outros países é uma mais valia para a abertura de novos horizontes nas metodologias e campos de estudo dos investigadores do CICH e garantia de um acréscimo da produção escrita que deles venha a resultar.
Atente-se que a disseminação do conhecimento em Portugal foi ainda mais além, traduzindo-se em quarenta e sete comunicações a colóquios ou congressos e conferências. Este empenhado labor permite admitir que possam vir a ser editados em 2024 mais de uma trintena de estudos em livros, capítulos de livros ou artigos em revistas e dicionários.
Do mesmo modo será de evidenciar que os membros do CICH se entregaram com dedicação à organização ou estiveram na direção científica de vinte e sete de eventos científicos, entre colóquios, congressos, seminários e exposições, os quais fomentaram o diálogo entre especialistas seniores e juniores, entre docentes e estudantes e igualmente serviram a divulgação e transmissão do conhecimento à comunidade. Na UAL será de destacar o grande valor das conferências e dos debates por elas suscitados na “Cátedra de História e Cultura Luso-Brasileira”; a parceria da UAL com o Museu Machado de Castro na organização do Colóquio Internacional “Machado de Castro: artista, escritor”, ocorrido neste ano de 2023; assim como a organização do “II Encontro Internacional de Jovens Investigadores de História e Cultura Luso-brasileira”, de cuja comissão organizadora fizeram parte cinco doutorandos/bolseiros do DHAH da UAL e que deu a oportunidade dos mais novos investigadores, muitos deles alunos dos diversos Ciclos do DHAH, apresentarem as suas pesquisas juntamente com outros que lhe eram externos. Como resultado do primeiro Encontro a UAL publicou o e-book Encontro Internacional de Jovens Investigadores de História e Cultura Luso Brasileira, 2023.
https://repositorio.ual.pt/handle/11144/6336.
3 Formação avançada
A investigação do CICH está muito articulada com a docência no DHAH e desde a licenciatura, sobremaneira na disciplina do Seminário, se integram os estudantes na investigação e em projetos, estimulando-os a aprofundar os seus conhecimentos e a prosseguir os seus estudos nos demais graus de ensino. Um expressivo número de investigadores do CICH é docente dos cursos de graduação do 2º ou 3º Ciclo do DHAH, neles lecionando e debatendo criticamente com os estudantes as matérias da sua especialidade e transmitindo os seus conhecimentos de metodologia, concetualização e experiência de investigação na orientação de dissertações de mestrado e de teses de doutoramento, que muitas vezes alargam ou abrem novos campos da investigação no âmbito das temáticas no CICH. Encontram-se presentemente envolvidos na orientação de oito dissertações de mestrado ou de relatórios de estágios e de vinte teses de doutoramentos no DHAH, tendo uma delas sido concluído em 2023, com a classificação de Excelente. Para além disso foram defendidos com sucesso dois pré-projetos de teses de 3º Ciclo.
Mas o reconhecimento externo das competências científicas dos investigadores do CICH levam-nos também a orientarem mais três dissertações de mestrado e seis teses de doutoramento noutras instituições universitárias (duas concluídas em 2023), como o ISCTE, o ISCTE em parceria com a Université Lumière Lyon 2 (concluída), a FCSH-UNL, a UÉ (concluída) e a UP. Para além disso, e corroborando as anteriores premissas, os investigadores do CICH, no âmbito das suas especialidades, foram convidados para integrar 14 júris de mestrado, doutoramento, agregação ou concursos académicos e provas de qualificação, sendo na maioria deles arguentes, nas mais diversas instituições universitárias nacionais (Faculdade de Letras-UL, ISCTE-UL, ICS-UL, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas-UNL, Universidade Aberta, Universidade do Minho, Faculdade de Letras-UC, Faculdade de Letras-UP, Universidade de Évora, Instituto Politécnico de Tomar, e da França (Université Lumière Lyon 2) ou do Brasil (UNIRIO).
Avaliação Interna
No balanço deste ano de 2023 deve vincar-se que o trabalho desenvolvido nos anos anteriores com vista à criação de um Pólo CIDEHUS da UAL se consolidou, como foi dito, com a assinatura de um protocolo, esperando-se agora a validação do mesmo pela FCT. Com este Polo a investigação da UAL ganha maior escala na sua internacionalização, integrando-se em projetos internacionais de maior fôlego, contactando com um mais vasto número de especialistas, assim como redimensiona a sustentabilidade dos cursos de 2º e 3ª Ciclo do DHAH da UAL. Os investigadores do CICH investiram com grande expressividade na internaconalização participando em reuniões científicas no estrangeiro. Em simutâneo comprometeram-se com a organização de muitos encontros científicos na UAL, noutras instituições universitárias do país ou do estrangeiro e ativaram parcerias com instituições autárquicas e culturais.
A produção científica dos membros do CICH foi relevante na publicação de livros e capítulos de livros, continuando a ser manifesto um esforço de investimento na publicação de artigos em revistas com revisão por pares. A investigação que desenvolvem é investida fecundamente na orientação de trabalhos académicos no DHAH e fora dele. Igualmente se manifesta o reconhecimento científico do trabalho dos seus investigadores pela sua presença em corpos editoriais de Revistas, na parceria organizativa e científica de muitos colóquios e congressos, na sua participação em muitos júris fora da UAL, na elaboração de grande número de avaliações de comunicações a encontros científicos ou na redação de pareceres, como peer review, de estudos a publicar em revistas ou livros. Igualmente se confirma que os investigadores do CICH procuram realizar um trabalho multidisciplinar e em rede com outros investigadores nacionais e estrangeiros, integrando diversas equipas de Projetos de investigação alguns deles financiados pela FCT ou por outras entidades empresarias ou camarárias.
Todo este dinamismo se espelha com clareza, na apresentação por parte de alguns investigadores de vários Projetos ao CICH, a serem em parte financiados pela UAL e por outras entidades parceiras, projetos que integram alunos dos diversos ciclos de estudo do DHAH, e dos quais resultam muitas vezes seminários internacionais nos quais os jovens investigadores apresentam os seus trabalhos, os quais vêm depois vêm a ser publicados. Refiram-se: – o Projeto conjunto com o ICS – ExPORT. Exportar Portugal. A diplomacia cultural do Estado Novo nos Estados Unidos (1933-1974); o Projeto Internacional liderado pela Universidade de S. Paulo – Circuitos oceânicos: petições e comunicação política da América portuguesa ao Império do Brasil; o Projeto em parceria com a Uniarq e o Município de Leiria- EcoPLis – Human Ocupations in the Pleistocene Ecotones of River Lis ; o Projeto conjunto com o Instituto Politécnico de Tomar e a Câmara Muncipal de Ourém- Memórias e Dinâmicas e cenários da Pré-História à Época Clássica (MEDICE II); o Projeto PaleoTejo; o Projeto OcrezArt, assim como se mantiveram em continuidade quatro Projetos de História de Arte. Avançou-se no Projeto “A documentação notarial portuense na Baixa Idade Média. Corpus documental”, o qual dará corpo a uma obra a publicar em acesso aberto pela UAL e que tem em vista a iniciação à investigação dos estudantes dos diferentes ciclos dos cursos de História. Um investigador do CICH concorreu ainda a um Projeto Exploratório da FCT.
Face a este relatório de atividades do ano de 2023, destacamos então algumas das suas forças e fraquezas:
Forças
– redimensionamento da investigação com a criação do Pólo CIDEHUS da UAL e com a integração dos investigadores em vários Projetos;
– capacidade de publicação em revistas com revisão por pares;
– significativa presença em reuniões científicas internacionais;
– grande empenhamento na divulgação do saber junto da comunidade;
– forte investimento na formação avançada.
Fraquezas
– reduzida publicação de artigos em revistas internacionais indexadas;
– insuficiente capacidade de apresentação de projetos de investigação a serem financiados por fundos nacionais ou internacionais.
As restruturações introduzidas no quadro da investigação do DHAH, com a criação do Pólo CIDEHUS da UAL e a dinâmica de trabalho em grupo dos Projetos apresentados ao CICH, com equipas alargadas de investigadores já consagrados e de doutorandos e mestrandos ou mesmo de outros jovens que se iniciam na investigação, são testemunho do empenhamento dos investigadores deste Centro na investigação. Investigação que é penhor da sustentabilidade da oferta formativa do DHAH, sobretudo nos seus cursos de formação avançada, e que contribui para a política de parcerias e de internacionalização em que o DHAH e a UAL vivamente se comprometem.
Coimbra, 14 de março de 2024
A Coordenadora do CICH
Maria Helena da Cruz Coelho