Relatório de Atividades de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2024
O Centro de Investigação em Ciências Históricas (CICH) integra os docentes, doutorandos e alguns mestrandos e licenciados do Departamento de História Artes e Humanidades (DHAH). No seu todo, o CICH conta com vinte e dois Investigadores com Doutoramento e vinte e três Colaboradores, sobretudo doutorandos dos Doutoramentos em História e em Património, Tecnologia e Território e mestrandos do Mestrado da UAL em História e Patrimónios. Dez investigadores do CICH, docentes do DHAH da UAL integram o Pólo CIDEHUS da UAL, Centro creditado pela FCT e com a classificação de Muito Bom, o que é uma importante mais valia a nível da sua política de investigação. Para além destes, alguns outros Investigadores ou Colaboradores do CICH integram outras Unidades de I&D, creditadas pela FCT, como o Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, o Instituto de História de Arte da FCSH-UNL, o Centro de História da Sociedade e da Cultura da FL-UC, assim como desenvolvem Projetos de Investigação, liderados por outras instituições universitárias, muitos deles financiados pela FCT, trabalhando em rede com diversos investigadores nacionais ou estrangeiros nas áreas das suas especialidades. Mas o CICH acolhe ainda com alguns Investigadores e Colaboradores externos a esta Universidade, que nele requereram a sua inclusão, tendo neste ano recebido propostas de dois doutorados.
O conjunto dos seus membros desenvolveu trabalhos em torno de quatro linhas principais de pesquisa:
– História da Arte e do Urbanismo, com três “sublinhas”: – Urbanismo e Monumentos Públicos, História da Arquitetura, Cenografia e Artes Performativas e História do Ensino das Belas-Artes em Portugal.
– História e Cultura das Organizações. Passado, Presente e Futuro.
– Arqueologia, com duas “sublinhas” – Cultura Marítima e Memórias, Dinâmicas e Cenários. Da Pré-História à Época Clássica.
– História e Sociedade (séculos XIV-XVIII)
No presente Relatório contemplaremos a síntese das atividades dos investigadores e colaboradores agrupando-as em três tópicos: Produção científica Transmissão do conhecimento Formação avançada
1. Produção científica
A análise da produção científica do CICH articula-se, genericamente, com as grelhas classificativas, propostas pela própria UAL, e decorre de inquéritos especialmente dirigidos aos seus investigadores e colaboradores.
A produção científica dos membros do CICH no ano de 2024 traduziu-se em:
Autor de livro – 4
Autor/editor de Livro – 9
Autor de capítulo de livro – 21
Autor de Artigo de Revista com revisão por pares -5
Autor de Artigo de Revista sem revisão por pares – 8
Autor de prefácios ou recensões – 1
Autor de entradas em Dicionários – 1
Como se percebe, há uma expressão muito significativa de produção científica em livros ou capítulos de livros (34), alguns deles publicados em obras editadas no Reino Unido, no Brasil e em Espanha.
A publicação de artigos em revistas com revisão por pares –5-, decresceu em relação ao ano anterior (foram então 13 os publicados), mas tal deve-se ao longo processo de edição em algumas revistas, muito em particular as de maior projeção científica, estando por isso um vasto número de estudos já submetidos ou mesmo aceites que esperam a sua publicação. Aumentou, no entanto, a publicação de artigos em revistas sem revisão por pares – 8 – para além de um prefácio, uma entrada em dicionários e três dezenas de notas de divulgação do conhecimento na imprensa periódica.
Nestes livros, capítulos de livros e artigos foram aprofundados os mais diversos campos do saber, que se inserem no âmbito das investigações das linhas e dos projetos apresentados a este Centro.
Têm-se desenvolvido estudos de História de Arte com abordagens sobre a arquitetura urbana de palácios, jardins e teatros, a escultura pública na África portuguesa, a prática feminina escultória em Portugal, a obra de Machado de Castro; sobre a história dos poderes, do discurso governativo, da comunicação política parlamentar, dos ofícios públicos nos domínios portugueses e dos movimentos sociais de resistência e rebelião nos impérios ibéricos; sobre a história das instituições monásticas e da espiritualidade; sobre a história do tabelionado e da documentação medieval e dos saberes e livros impressos; sobre a história do turismo, dos filmes e políticas públicas sociais, do turismo termal, do termalismo e da cultura termal; sobre a história da industrialização, de certas indústrias no país e no exterior e de instituições bancárias; e estudos de arqueologia sobre a chegada e extinção dos Neandertais, a arte e a sociedade na pré-história, a cultura megalítica com incidência na tumularia e ainda sobre arqueologia marítima.
A investigação desenvolvida e apresentada por escrito privilegiou diferentes escalas de abordagem, do local ao global, movimentou-se na longa diacronia, desde tempos pré-históricos até à contemporaneidade, e contemplou amplos e vastos espaços geográficos de Portugal, da Europa e dos territórios dos impérios coloniais portugueses e ibéricos.
Saliente-se ainda que a maioria dos investigadores do CICH se encontram integrados em múltiplos Projetos internacionais e nacionais (32), o que é uma clara demonstração do seu valor científico e uma garantia no prosseguimento das suas aprofundadas investigações. A valorização externa da sua qualidade científica expressa-se ainda pela integração de alguns investigadores no Corpo Editorial ou Científico de Revistas indexadas de prestígio, pelo facto de vários membros serem requisitados como avaliadores de comunicações a apresentar em reuniões científicas ou de serem solicitados como referees de artigos a serem publicados em revistas ou livros (elaboraram ao todo 39 pareceres).
2 Transmissão e disseminação do conhecimento
A difusão da investigação expressou-se pela apresentação de comunicações dos membros do CICH em muitas reuniões científicas no país e no estrangeiro.
Cumpre referir que estiveram presentes com vinte e uma comunicações no estrangeiro (na maioria presencialmente), transmitindo o seu saber em reuniões científicas ocorridas, na Europa, em países como a Alemanha (Bonn), a Bulgária, a Croácia (Zagreb), a Espanha (Alicante, Santiago de Compostela, Toledo, Tui, Vigo), a França (Paris), a Itália (Nápoles, Roma), o Reino Unido (Bristol), na América do Norte, nos Estados Unidos, na América do Sul, no Brasil (S. Paulo). O debate crítico das matérias apresentadas com especialistas de outros países é um valioso contributo científico para a abertura de novas perspetivas nas metodologias e campos de estudo dos investigadores do CICH e penhor de um acréscimo da produção escrita que resulta da publicação de tais comunicações.
Por sua vez a disseminação do conhecimento em Portugal foi ainda mais intensa, traduzindo-se em cinquenta e nove comunicações a colóquios ou congressos e conferências e, alcançando um vasto público, os investigadores do CICH estiveram ainda presentes em comentários ou entrevistas televisivas.
Este intenso labor é promissor quanto à intensidade da produção científica a publicar no ano de 2025. Na verdade, fruto desta atividade em 2024, mas não menos da dilatação temporal da edição de várias obras e revistas, como já assinalámos, encontram-se já no prelo mais de uma quarentena de estudos a serem publicados em livros, capítulos de livros ou artigos em revistas, tanto em Portugal como no exterior ( Brasil, Espanha, França, Países Baixos, Reino Unido, Suécia).
Igualmente será de evidenciar que os membros do CICH se entregaram com empenho e continuidade à organização de reuniões científicas ou integraram a direção de trinta e três eventos científicos nacionais ou internacionais, entre colóquios, congressos, seminários e exposições, nos quais se debateram diversos campos do saber entre especialistas seniores e juniores, entre docentes e estudantes e igualmente acrescentaram a divulgação e transmissão do conhecimento à comunidade. Na UAL será de destacar a grande valia das conferências realizadas na “Cátedra de História e Cultura Luso-Brasileira”, das quais resulta geralmente um vivo e frutífero debate crítico.
3 Formação avançada
Grande número de investigadores do CICH é também docente dos cursos de graduação do 2º ou 3º Ciclo do DHAH, neles lecionando e debatendo criticamente com os estudantes as matérias da sua especialidade e neles vertendo as suas competências metodológicas, conceptuais e experiência de investigação na orientação de estágios e relatórios de estagio, de dissertações de mestrado e de teses de doutoramento, que muitas vezes redimensionam ou rasgam mesmo novos campos da investigação no âmbito das temáticas no CICH.
A possibilidade da prova final do Mestrado em História e Patrimónios se poder traduzir num Estágio e na elaboração de um Relatório de Estágio permite uma grande interligação dos docentes e estudantes com instituições de cultura, promissora de futuras parcerias em projetos ou reuniões científicas ou mesmo de integrações dos graduados da UAL em tais instituições. Os docentes da UAL e investigadores do CICH estiveram envolvidos no ano de 2024 na orientação de vinte dissertações de mestrado ou de relatórios de estágios, algumas já finalizadas com sucesso, e de vinte e uma teses de doutoramentos no DHAH, tendo duas delas já sido concluídas em 2024 e defendidas no início do ano seguinte, com a classificação de Excelente, e ainda uma orientação de um pós- doutoramento. Para além disso foram debatidos com sucesso vários pré- projetos de relatórios, dissertações e teses do 2º e 3º Ciclos.
Mas os investigadores do CICH, dada a sua valia científica e especialidade de saberes, receberam ainda convites para orientarem mais três dissertações de mestrado e cinco teses de doutoramento noutras instituições universitárias, como o ISCTE-IUL, a FCSH-UNL, a FLUL e a FLUP. Para além disso, os investigadores do CICH participaram largamente em júris académicos.
Estiveram presentes em oito júris de mestrado na UAL e uma tese de doutoramento. Mas, de novo reafirmando a sua competência e saber especializado, foram convidados para integrar treze júris de mestrado, doutoramento, agregação ou concursos académicos para professores Catedráticos ou para Investigadores Coordenadores e provas de qualificação, sendo na maioria deles arguentes, nas mais diversas instituições universitárias nacionais (ISCTE-IUL, ICS-UL, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas-UNL, Universidade de Évora, Faculdade de Letras-UC, Faculdade de Letras-UP, no Instituto Superior de Agronomia- UL) ou no Brasil (UFRJ).
Avaliação Interna
No balanço deste ano de 2024 percebe-se que a produção científica dos membros do CICH foi relevante na publicação de livros e capítulos de livros, continuando a ser manifesto um esforço de investimento na publicação de artigos em revistas com revisão por pares. Do mesmo modo os investigadores do CICH apostaram na internacionalização, participando em várias reuniões científicas no estrangeiro. Envolveram-se também na organização de muitos encontros científicos na UAL, noutras instituições universitárias do país ou do estrangeiro e dinamizaram parcerias com instituições autárquicas e culturais.
A investigação que desenvolveram foi reproduzida na orientação de trabalhos académicos no DHAH e fora dele. Demonstra-se igualmente um reconhecimento externo do trabalho científico dos seus investigadores dada a sua presença em corpos editoriais de Revistas, na parceria organizativa e científica de muitos colóquios e congressos, na sua participação em muitos júris fora da UAL, na elaboração de grande número de avaliações de comunicações a encontros científicos ou na redação de pareceres, como peer review, de estudos a publicar em revistas ou livros. É manifesto que os investigadores do CICH apostaram num trabalho multidisciplinar e em rede com outros investigadores nacionais e estrangeiros, integrando diversas equipas de Projetos de investigação alguns deles financiados pela FCT ou por outras entidades empresariais ou camarárias.
Todo este dinamismo se espelha com clareza na apresentação, por parte de alguns investigadores, de vários Projetos ao CICH, a serem em parte financiados pela UAL e por outras entidades parceiras, projetos que integram estudantes dos diversos ciclos de estudo do DHAH. Refiram-se: o Projeto “Turismo e políticas culturais no século XX”; o Projeto “Espólio da Escola de Escultura de Lisboa (XVII-XIX)”; o Projeto “História do Ensino das Belas Artes em Portugal”; o Projeto “Edição crítica e tradução para inglês da Dissertação sobre a renovação de Lisboa, por Manuel da Maia”; o Projeto “Edição crítica e tradução para inglês da Descripção Analytica de Execução da Real Estátua Equestre do Senhor Rei Fidelissino D. José I de Joaquim Machado de Assis; o Projeto “Petições coloniais: queixas e demandas ao Conselho Ultramarino (1700-1808)”; o« Projeto em parceria com a Uniarq, o Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, o Instituto Politécnico de Tomar e a Câmara Municipal de Leiria – “EcoPLis – Human Ocupations in the Pleistocene Ecotones of River Lis”; o Projeto em parceria com o Centro de Geociências da Universidade de Coimbra “OcrezArt- As primieras manifestações artísticas do Centro-Oeste da Península Ibérica: o vale do Ocreza”; o Projeto “PaleoTejo- Paleolítico Inferior e Médio no Rio Tejo em território português”; o Projeto conjunto com o Instituto Politécnico de Tomar e o Centro de Geociências da Universidade de Coimbra “Medice II – Memórias e Dinâmicas e cenários da Pré-História à Época Clássica”. Face a este relatório de atividades do ano de 2024, destacamos então algumas das suas forças e fraquezas:
Forças:
– publicação dos resultados da investigação em obras editadas no país ou no estrangeiro;
– capacidade de publicação em revistas com revisão por pares;
– assinalável presença em reuniões científicas internacionais;
– integração dos investigadores em vários Projetos de investigação;
– grande empenho na divulgação do saber junto da comunidade;
– forte comprometimento com a formação avançada.
Fraquezas
– reduzida publicação de artigos em revistas internacionais indexadas;
– insuficiente capacidade de apresentação de projetos de investigação a serem financiados por fundos nacionais ou internacionais.
Numa vontade de contínua superação dos seus objetivos, os investigadores do CICH, confiando no caminho muito positivo já percorrido, devem, pois, esforçar- se por publicar mais em creditadas revistas de elevada qualidade científica, devem investir na publicação dos trabalhos expostos nas reuniões científicas nacionais e internacionais em que participaram e, mais ainda, devem mobilizar- se para apresentar a entidades financiadoras do país ou do exterior projetos de investigação que envolvam redes de investigação internacionais. Os desafios científicos sempre foram uma marca do CICH, o que o levou mesmo a criar o Pólo CIDEHUS da UAL, e será essa mesma dinâmica de crescimento e melhoria que irá prosseguir, visando contribuir para a elevação científica e redimensionamento formativo do DHAH e, no seu todo, para a notoriedade e atratividade da UAL, a instuição universitária em que se insere.
Coimbra, 28 de fevereiro de 2025
A Coordenadora do CICH
Maria Helena da Cruz Coelho